quarta-feira, 16 de maio de 2012

Se os tubarões fossem homens

Bertolt Brecht

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

quarta-feira, 28 de março de 2012

SER, ESTAR SENDO, TORNAR-SE

Por Dr. Mauro Moore, medico psiquiatra do corpo clinico do

Hospital Israelita Albert Einstein


Marta é tímida, vive recolhida na sua toca, evita qualquer oportunidade de destaque, deixa de assumir o seu verdadeiro tamanho. Júlia é explosiva e critica tudo e todos, tornando-se desagradável e solitária. Ivo luta para estar sempre por cima, sabendo mais, ganhando mais, conhecendo mais gente importante, mas não tem real afeto por ninguém e as pessoas que o cercam não são exatamente seus amigos. Já Rui é muito bonzinho, amigo de todos, está sempre pronto a colaborar, dando muito e não pedindo nada. Por isso, parece sem importância e é deixado de lado.

Aí aparece uma pergunta fascinante: tudo isto é verdade? Eles “são” isso mesmo ou eles “estão sendo” assim, estão habituados a ser assim? Estas são as suas pessoas, de verdade, ou esses são apenas o estilo, o jeito de ser, o padrão a que se habituaram? Afinal, se “são” assim, então não há nada a ser feito, resta conformar-se. Mas, se este é só o padrão, o jeito a que se habituaram, se apenas ‘estão sendo’ assim, então existe a possibilidade de mudança, de evolução, de amadurecimento, de tornar-se, de vir a ser.

A personalidade é o conjunto de padrões de avaliação e de atitudes habituais de uma pessoa. É formada por dois grupos de fatores: o temperamento, vindo da herança genética e manifestado bioquimicamente; e o aprendido, influenciado pelo ambiente, no relacionamento com os pais e os demais familiares, na escola, com os colegas e os professores, e na vida social.

No final da infância e na pré-adolescência os “padrões” da personalidade já estão praticamente definidos. O sistema de avaliação da realidade, a autoavaliação, o conjunto de respostas emocionais e de atitudes frente aos fatos e às pessoas já estão bem delineados. É muito preocupante pensar que somos praticamente aquilo que decidimos ser no fim da infância, com toda a nossa inexperiência e ingenuidade. Tudo isto, padronizado e automatizado, passa a ser o que cada um de nós chama de “eu”.

Uma das principais qualidades do ser humano é a sua incrível capacidade de aprender e padronizar. Aprendemos muito depressa, mas infelizmente padronizamos depressa demais o que foi aprendido. A mudança, a troca de padrões, é feita através de um longo esforço, tanto maior quanto mais intensa a ansiedade que gerou a elaboração de padrões defensivos muito rígidos.

Nós somos organismos vivos, portanto temos a possibilidade permanente de evolução. Está, está sendo, tem sido, contêm a idéia de estado atual, situação que pode ser modificada. A pessoa está gorda e fora de forma, mas pode fazer dieta e exercícios e ficar bem. Aquele padrão hostil adolescente pode ir sendo substituído por novos estilos, mais adultos. Ela, que sempre agiu de modo tímido, pode evoluir, tornar-se mais dona de si e mais assertiva em seus relacionamentos. Ele pode passar a ser mais solidário, cooperador, sem precisar competir e vencer o tempo todo; ganhará serenidade, amizades e colaboração; menor número de taças, talvez, mas com melhor qualidade de champanhe e de companhia.

E como se faz esta modificação de padrões? A evolução é filha do sofrimento e da oportunidade. Assim, o indivíduo que sofre é mais propenso a conseguir mudanças do que aquele cujos padrões não o fazem sofrer, mas apenas despertam sofrimento nos que lhe são próximos. Muitas vezes o convívio com pessoas psicologicamente mais saudáveis são estímulos para a revisão de padrões antigos, desde que estes sejam bem leves. Mas a evolução da personalidade, como a recuperação de qualquer doença, é mais eficaz quando a pessoa busca auxílio especializado, neste caso a psicoterapia.

A meta do tratamento psicoterápico chamado evolutivo ou reconstrutivo é aumentar a liberdade para reavaliar a si próprio, a realidade externa e os outros, possibilitando escolher novamente o seu estilo, estabelecer novos padrões, escolhidos no ‘aqui-e-agora’ e não no ‘lá-e-então’.

Que o passado sirva ao presente, mas não o determine!


Fonte: http://blog.einstein.br/post.aspx?id=202



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ELEGANTE, eu!?

Por Dr. Mauro Moore, médico psiquiatra do corpo clínico do
Hospital Israelita Albert Einstein.
Descobri que a palavra “elegante”, eleg+ante, se refere à pessoa que quer eleg-er a si própria, ser eleg-ida, eleita, escolhida por qualidades e virtudes especiais. Estas qualidades podem ser exteriores, como a moldura de um quadro, ou interiores, como a tela, a qualidade da obra de arte. Os eleitores podem estar fora, (avaliação feita pelos outros), ou dentro da própria pessoa (a autoavaliação).

Nas academias cuida-se e exibe-se a moldura, a aparência. O que vale, aí, é a estética e um pouco de etiqueta, que é a etiquette, a pequena ética. Nas leituras, nos estudos, nas palestras de desenvolvimento cultural e pessoal, cuida-se da tela, da essência, da pessoa que se é, nas áreas intelectual e ética. Cá entre nós, é preocupante a desproporção míope que se tem visto entre o esforço e o tempo gastos na academia para o aprimoramento físico, e a dedicação muito menor para o desenvolvimento da personalidade. Será que é só porque é mais fácil puxar ferro do que alongar as idéias?

Elegância para quê?
Se o desejo de ser elegido, eleito, se a busca da elegância e do desenvolvimento tiverem como contratante a empresa Vaidade, Voracidade, Arrogância & Cia., o resultado não será bom, nem para a pessoa, nem para a sociedade. O melhor contrato é com o Bem-estar Pessoal (a satisfação de perceber-se em saudável desenvolvimento) e o vínculo com o Bem-estar Social (a satisfação de perceber-se útil para o bem-estar coletivo).

Equilíbrio é a meta
Muitas pessoas se especializam na aparência, deixando a essência de lado. Resultado? Saem bem na foto, mas vão mal no filme. Todos nós conhecemos quem tem muita etiqueta (a pequena ética, dos modos à mesa, do “ladies first” do muito obrigado etc.), mas atua frente aos outros com ética muito pequena. Outras pessoas desenvolvem-se bem na sua essência, mas têm inibições para cuidar também da aparência; alegam falta de tempo, falta de paciência etc.

Mens sana in corpore sano? Claro. Mas há o risco de mens parva (pequena) in corpore super-malhatus.

Corpos elegantes e personalidades interessantes, elegantes e éticas. O desenvolvimento deve ser harmônico, para que a avaliação dos outros e a autoavaliação levem você a um estado de verdadeiro bem-estar adulto.

Afinal, você passará toda a sua vida consigo mesmo– portanto, é bom tratar de tornar-se uma boa pessoa, aquela que você realmente admire!

Fonte:
http://blog.einstein.br/categoria.aspx?categoria=Comportamento

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Top 5 cities: Quality of living ranking/2011

Vienna, Austria (1st)
Zurich, Switzerland (2nd)
Auckland, New Zealand (3rd)
Munich, Germany (4th)
Vancouver, Canada (tied 5th)
Düsseldorf, Germany (tied 5th)

Font: http://www.mercer.com/articles/quality-of-living-survey-report-2011